A cor da tarde esconde o brilho do olhar
A luz ilumina o arroio que teus olhos insistem em conter
Na margem tu desenhas displicente a vã visagem
A memória: não te deixa adormecer
Tua morada ressequida persiste
Não há o que temer
A não ser o brilho triste da verdade
A correr, torrente em segredo
Tens saudades e medo
A chuva tarda na terra rachada, cantam as cigarras
No porão, os fragmentos, roem as traças
Acaba-se tudo, mas tu teimas em tecer
Mostra um dos tesouros de antigas paragens
Racha o seu imenso jaspe
Para que tu não perdures o anoitecer
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