terça-feira, 14 de agosto de 2012


O doador misterioso

Uma história surpreendente aconteceu há alguns meses no distrito de Lagoinha na divisa entre o sul-doeste de Minas Gerais e São Paulo.   Todos os moradores ficaram estupefatos com o fato que mobilizou pessoas de diversas cidades e mudou a rotina do lugar por cerca de um mês.

 Num dia corriqueiro o sacristão, um homem muito gordo e falante, abriu a capela local e encontrou uma imagem chorando um líquido misterioso. Surpreso com a novidade o homem chamou o jovem pároco local, porém, antes que este pudesse analisar o ocorrido, vários habitantes avisados pelo sacristão, acumularam-se na porta da capela para ver a santa chorosa. 

Após quatro dias o líquido tornara-se mais espesso e escuro algo que os locais já chamavam de sangue.  Uma peregrinação inundou o pequeno distrito de seiscentas casas causando tumulto nas ruas de terra sem infraestrutura para suportar os ônibus abarrotados de fiéis. Uma multidão se acumulou na praça em frente à capela atropelando as pobres roseiras, pisoteando a grama e quebrando os galhos para subir nas árvores. Não demorou a imprensa de todo o estado de Minas foi cobrir o evento enigmático, ao passo que chamava especialistas para explicar o fato.

Ocorre que meses antes apareceu um homem desconhecido carregando a imagem e a doou a capela. Era uma capela antiga com pinturas que mereciam ser preservadas. A madeira estava podre, os bancos rotos e a instalação elétrica preocupante. Na esperança de reformar a  capela o padre havia colocado uma caixa de madeira protegida apenas com um cadeado para arrecadar fundos. Até que um dia a nova imagem chorou. Devido ao tumulto que se seguiu a misteriosa novidade o padre não atinou em conferir mais o tal “cofre” em prol da reforma. O jovem padre estava muito ocupado seguindo todos os tramites que cercam tais casos para não se precipitar em alguma declaração.  

A imprensa cada vez mais explorava o caso, um apresentador famoso de uma rede de tv nacional cogitava ir de helicóptero numa breve visita ao local. Todavia, as lágrimas desapareceram. A peregrinação continuou na esperança que o evento se repetisse dias depois. Cessou definitivamente.

Na segunda feira seguinte o sacristão foi abrir a capela pela manhã e novamente a sua cara de bocó repetiu-se desta vez por outro motivo. Alguém havia arrombado a igreja. O ladrão roubou a imagem e não só ela. O cofre abarrotado de donativos das semanas anteriores estava arrebentado no chão.  O pobre homem indignado sentou-se na porta da igrejinha e chorou.

A polícia não achou os ladrões, tão pouco recuperou algo. O padre desolado não conseguiu a esperada reforma e mudou-se de paróquia. A mídia mal noticiou o desfecho do caso. A praça ficou destruída, mas os moradores de lagoinha pedem até hoje é que devolvam a imagem.


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